"Eu amo desorganizado, desvergonhado. Tenho um amor que não é fácil de
compreender porque é confuso. Não controlo, não planejo, não guardo para
o mês seguinte. A confusão é quase uma solidão adicional. Uma solidão
emprestada. Sou daqueles que pedirá desculpa por algo que o outro nem
chegou a entender, que mandará nova
carta para redimir uma mágoa inventada, que estará se cobrando antes de
dizer. Basta alguém me odiar que me solidarizo ao ódio. Quisera resistir
mais. Mas eu faço comigo a minha pior vingança. Amar demais é o mesmo
que não amar. A sobra é o mesmo que a falta. Desejava encontrar no mundo
um amor igual ao meu. Se não suporto o meu próprio amor, como exigir
isso? Um dia li uma frase de Hegel: “Nada de grande se faz sem paixão”.
Mas nada de pequeno se faz sem amor. (…) Não me dou paz sequer um
segundo. Medo imenso de perder as amizades, de apertar demais as
palavras e estragar o suco, de ser violento com a respiração e virar
asma. Até a minha insegurança é amor." (Fabrício Carpinejar)
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